Era uma vez... outra vez
Se você está cansado de peças infantis convencionais, que além de entediantes até para as crianças, não discutem nada que venha a acrescentar nos discursos cotidianos de seus filhos, ficará surpreso com os 35 minutos desta obra que discute pontos importantes como: autoestima; feminismo; diferenças; e doenças degenerativas, de maneira leve e orgânica.
Em parceria com o Projeto “Aperam” que visa a arrecadação de recursos para a comunidade e a integração da mesma em trabalhos culturais, esta obra teatral mostra um pouco dos últimos dias lúcidos de Carmela, a avó, e das visitas de sua netinha Ariela, com conversas cotidianas que toda criança passa durante a primeira infância, “porque Maria é assim? E eu não”, “porque não posso morar com você?”, entre outras perguntas que tenho certeza que você leitor certamente conhece. Entre tantas indagações por parte da personagem, são inseridos temas de extrema importância social como os já citados anteriormente, estes são apenas pincelados, mostrando aos jovens espectadores um caminho para pensar a respeito, não dando respostas concretas, apenas fomentando reflexões.
Além disso, existem vários momentos da trama em que a plateia é convidada a interagir com os atores, tornando a experiência um pouco mais calorosa, um exemplo disto são brincadeiras musicais, utilizadas para estimular as crianças e os pais a cantaram junto aos artistas e também situações agradáveis que nos sensibilizaram a lembrar de nossas avós, como a contação de histórias por parte de Carmela.
A peça apresenta uma dinâmica de dia e noite, estabelecida pelo predomínio de cores frias em períodos noturnos, e cores quentes nos diurnos, que aos meus olhos associaram-se a tristeza(noite = memoria se esvaindo por parte de Carmela) e alegria (dias acalentados com a presença de Ariela), tudo culminando para a cena final, triste, mas reconfortante em simultâneo. As personagens eram muito bem caracterizadas, Carmela detentora de um longo vestido bege floral, cabelos grisalhos em coque e um óculos branco para seus problemas de visão, Ariela no que lhe concerne possuía características que pareciam se associar a boneca Emília, tanto em seu visual que lembrava muito uma boneca de pano, como em suas ações expansivas e energéticas, me deixando curioso se ela realmente existia, ou se poderia ser a representação de algo a mais? Talvez a infância da avó, que pouco a pouco se aproximava depois das noites frias?
Portanto, se quiser levar seu filho/a ao teatro, mas também quer se divertir junto a ele/a, “Era Uma Vez...Outra Vez” certamente é para você, o espetáculo é alegre, caloroso e ao mesmo tempo triste, tudo claro, de forma extremamente leve e orgânica.
Link - https://www.youtube.com/watch?v=ku6Zy28fL3g&t=1s
Acadêmico: Thiago Antunes de Freitas (Artes Cênicas UEM)
Maringá, 21 de março de 2021
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